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Partida: xx.Março.2008Chegada: 22.Março.2008
Percurso Ida: Lx - Paris - Bombaim
Percurso Regresso: Bombaim - Paris - Lx
9 horas de voo
Bombaim, ou Mumbai, é a capital do estado de Maharashtra e a maior cidade da Índia e do mundo, com uma população estimada em 14 milhões de habitantes. Encontra-se na ilha de Salsete, ao largo da costa ocidental do estado de Maharashtra sendo originalmente um arquipélago de sete ilhas, localizada na zona tropical em frente do Mar Arábico. A sua região metropolitana é a terceira maior do mundo, com uma população de cerca de 22 milhões de habitantes.
499 anos depois da chegada do primeiro Português, chegou finalmente a minha vez de pisar solo Indiano. O principal motivo desta visita foi o casamento do amigo Shubhes, um cidadão do mundo pois nasceu em Moçambique, foi criado em Portugal, tem família em Inglaterra e no Canadá e muitas mas mesmo muitas influências Hindus. Assim sendo, os amigos tugas Peralta, Patrícia, Elisabete e Hugo partiram para mais esta aventura. Deste tema falarei mais à frente, para já falemos da exótica Bombaím.
Esta mega cidade impressiona pela sua enorme variedade cultural, composta por cidadãos de todo o mundo desde os asiáticos aos europeus. É uma metrópole que nunca pára, dia e noite, sempre a fervilhar com os seus milhões de cidadãos e de carros que diáriamente inundam as avenidas da cidade. O trânsito aqui tem as suas próprias regras, fluindo com uma normalidade incompreensível e sem registo de grandes acidentes. Só vendo para se ter uma verdadeira noção.
Ao nível religioso impera o Hinduísmo, mas também aqui a variedade é muita, pois além dos templos Hindus podemos também apreciar templos Budistas, mesquitas Muçulmanas e até igrejas Católicas (muitas delas construídas por Portugueses).
O exemplo disso é o Templo de Jama Masjid, com início de construção em 1775 e conclusão 33 anos depois. É um templo em honra do Deus Hindu Mahalaxmi e composto por diversas estátuas de ouro. É ainda um local de peregrinação diária de milhares de crentes deixando oferendas de côcos, flores e doces ao seu Deus. A religião Hindo é composta por diversos Deuses com diferentes significados. O
utro local de culto, para os crentes Muçulmanos, é a Mesquita De Aji Ali Shah Bukarhi, construída em 1431 e que deve o seu nome a este santo muçulmano. Encontra-se edificada 500 metros dentro de pleno mar Arábico onde se encontram os seus restos. Foi aqui construída, segundo as crenças muçulmanas, pois aquando da morte do santo numa peregrinação a Meca foi aqui que os seu restos mortais foram trazidos pelas marés. Composta por diferentes salas de oração (separadas por sexo) está apenas acessível durante as marés baixas.
A cidade de Bombaim, oferecida ao Rei Inglês Carlos II pelo seu casamento em 1662 com a Princesa Catarina de Bragança, é uma cidade arquitectónica onde impera o estilo colonial.
Uma das sua principias atracções são a Gateway of Índia situada no porto de Apolo Bunder que foi construída para comemorar a visita do Rei Jorge V em 1911. É uma mistura dos estilos Muçulmanos e Hindus. Esta passou a ser usada como a porta de entrada para ínumeras individualidades nas visitas à Índia.
Outros dos locais emblemáticos da cidade é a Flora Fountain, construída em 1869 em honra de Sir Henry Bartle e Edward Frere, esta fonte é uma fusão entre água, arquitectura e escultura. Está situada no coração da cidade e é a junção de cinco avenidas(tipo Arco do Triunfo em Paris). A fonte tem a figura de Flora, a Deusa Romana das flores.
Um local também a não perder é o museu Prince of Wales, contruído em 1904 com infulências Vitorianas e Góticas, está excelentemente preservado e rodeado de belos jardins. É composto por uma vasta colecção de artefactos antigos, peças de arte e esculturas datadas de 2.000 anos AC.
Inconfundivelmente Indianos são os caminhos de ferro. Comboios e combois apinhados de pessoas dentro e fora das carruagens rasgam a cidade diáriamente. Assim sendo, a estação de comboios Victoria Terminus é o exemplo do fervilhar de gente que durante o dia 'assalta' a cidade de Bombaim. Tem uma construção Victoriana-Gótica revivalista, de autoria de um arquitecto britânico, começou a ser construída em 1878, passando 10 anos até ficar concluída.
Mesmo sendo uma das maiores metrópoles do mundo, não foi descurada a questão dos espaços verdes, bastantes na cidade. Aqui os campos de cricket, principal desporto do país e influência dos Ingleses são bastantes e os praticantes mais que muitos, mesmo debaixo do tórrido sol do meio-dia.
É ainda interessante visitar a Chuchgate, uma das estações de desembarque mais proeminente da cidade, usada por milhões de pessoas diáriamente. É aqui que também se encontra o departamento de turismo da cidade, situada numas das 5 ruas que terminam na Flora Fountain. Outro dos locais de passagem obrigatória, por estranho que pareça é o Hotel
Taj Mahal Palace, um cinco estrelas de verdadeiro luxo construído em 1903 com influências Orientais e Mouras. Este hotel é visitado por Maharajas, Príncipes e Reis, Presidentes e pelas mais variadas estrelas, todos de carteira bem recheada, criando uma história única a si associada. É aqui que, para quem pode, se disfruta verdadeiramente desta cidade.
É impossível falar na Índia sem passar pelo tema da alimentação. A dieta alimentar é muito variada e composta por um leque de sabores deveras intensos e impressionantes. Tem como base a batata, o uratti (tipo de feijão), o arroz basmathi, a atta (farinha de trigo integral), lentilhas e chana (grão-de-bico), cozinhados em óleo vegetal ou de amendoím.
As especíarias marcam presença em cada prato, carregando os alimentos de sabores nem sempre muito apetecíveis para os hábitos Europeus. A este nível travámos uma luta diária, em que o conteúdo de cada prato foi devidamente filtrado antes de ser ingerido! A variedade de frutas é também enorme e estão ao alcançe de qualquer um que queira embrarcar num desfile de sabores exóticos. As cores e os cheiros espreitam a cada esquina onde a fruta esteja à venda, absorvendo por vezes os nem sempre melhores cheiros da cidade...
A culinária indiana é caracterizada pelo seu uso sofisticado e sutil de muitas ervas e especiarias. Considerada por alguns como a culinária mais diversificada do mundo, cada ramo da cozinha indiana é caracterizada pelo uma ampla gama de pratos e técnicas culinárias. Embora uma significativa porção da comida indiana seja vegetariana, muito pratos indianos tradicionais incluem frango, peixe, bode, cordeiro e outras carnes. Bife não é comido pela maioria dos hindus.
Como se pode verificar, esta é uma cidade plena de vida, de contrastes entre riqueza e pobreza, de culturas, civilizações e religiões e onde o negócio impera a cada esquina sendo a palavra business o espelho do dia-a-dia sob a alçada a gasta rupia.
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Depois de descrita a experiência em Bombaim partimos em direcção a Rajkot para mais umas 4 horinhas de um pequeno voo dada a imensidão da Índia. Rumamos então para a celebração do casamento do Shubhes e da Rheema.
Rajkot é a cidade capital do estado de Gujarati, situada nas margens do rio Aji e com cerca de 1,5 milhões de habitantes.
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A Recepção no Aeroporto não podia ter sido mais acolhedora! Após a chegada, por volta das 06:00 da manhã, fomos presenteados com as boas vindas da família da noiva Rheema. Totalmente organizados, seguimos em vários Jeeps para o conforto de um excelente hotel, reservado na sua totalidade para albergar os convidados para os 4 dias da festa de casamento.
Depois de um pequeno-almoço reforçado, uma vez que voamos durante a noite (onde o exíguo espaço entre os bancos de avião me proporcionou aquele que me lembro de ter sido um dos mais bonitos nascer do sol), seguiu-se um final de manhã de descanso no fresco do quarto do hotel, combatendo assim o enorme calor que se fazia sentir na rua. Seguiu-se um almoço típico Indiano, num local préviamente reservado para o efeito. Mais uma vez... bulha com a comida!
Seguiu-se mais uma tarde de relax e descanso na piscina do hotel pois o calor era realmente insuportável. Pela noite jantamos numa espécie de 'feira de diversões', Chokidani, um local óptimo para se conhecer a cultura Hindu, com demonstrações de encantamento de cobras, fakirs, malabaristas, danças típicas e voltas de camelo entre outras.
No dia seguinte começaram as festividades própriamente ditas que compõem o casamento. Segundo a religião Hindu este tem a duração de 3 dias e é composto por diversas festas, cada uma com um propósito e tradição específico. Assim sendo descreverei cada uma delas em seguida. Primeiro teve lugar a Cerimónia do Noivado - Saghai, esta é uma cerimónia de troca de aneis e presentes entre os noivos e de doces entre a família, assumindo assim o compromisso do casamento.
Esta cerimónia serve de preparação do casamento, fortalecendo laços entre as familias. A noiva recebe jóias e vestidos (saris) dados pela mãe do noivo, formando um total de onze conjuntos e onze peças. Dependendo da riqueza da família varia o número de ofertas e de conjuntos oferecidos. Um outra cerimónia que ocorreu nesta tarde foi a Mandap,
um ritual com grande significado e que começa com a benção por parte dos membros mais velhos de ambas as famílias. É efectuada sob um alter apoiado em quatro pilares, com os noivos ao meio e os pais de cada lado, sendo ministrada por um padre. Os rituais conduzidos aqui são, entre outros o aat Phere, o Kanyadaan ou Maang baharai, cada um com um propósito diferente. T
reminada esta cerimónia voltamos ao descanso do quarto para recuperar do calor da tarde. Pela noite seguiu-se a Mehndi Party, um dos costumes mais ancestrais da cultura Indiana que consiste na pintura das mãos, braços e pernas da noiva com uma tinta 'Mehandi' feita apartir da seiva das folhas de Henna, sendo este um dos seis adornos que a noiva deverá usar.
Esta cerimónia é feita na véspera do casamento para a tinta secar convenientemente e estar com uma cor bonita no casamento propriamente dito. Reza a lenda que quanto mais escura ficar a pintura mais o noivo a amará. Segundo a tradição a noiva já não poderá saír de casa depois desta cerimónia até ao dia do casamento e só começará a trabalhar na nova casa do noivo quando esta tinta desaparecer.
Normalmente esta cerimónia é organizada pela família da noiva e ocorre apenas no seio da sua família. Neste caso participamos todos, convidados do noivo e da noiva. A noite terminou a altas horas, depois de muitas danças e de muito convivio bem regados com as Kingfisher de litro que deslizavam pela garganta proporcionalmente ao calor que se fazia sentir.
Dormi que nem anjinho para no dia seguinte acordar para a festa do Casamento, uma celebração dos noivos em conjunto com os Pais e o Sacerdote em altar desenhado para o efeito. Um costume tão diferente dos nossos, que chegamos à Igreja numa viatura clássica ou num veículo topo de gama, aqui na Índia o noivo, caso seja de familias mais abastadas chega de elefante. Isso mesmo, elefante! Esta chegada é acompanhada pela família que salta e dança ao som de músicas tradicionais. Uma vez terminada a cerimónia segue-se o Vidai, cerimónia que simboliza o adeus da noiva à sua família para passar a integrar a família do noivo, a sua nova família. Este é um momento com alguma tristeza pois o 'adeus' à familia tem aqui um factor muito simbólico.
Agora sim, os pombinhos formam oficialmente um casal. Seguiu-se mais uma pausa para descanso pois o calor não perdoa. Esta cerimónia ficou concluída com a Reception, o copo d'água ocidental, composto por um jantar com todos os convidados presentes. Altura de convívio, discursos e de felicitações. Com isto concluíu-se a saga do casamento Indiano (só aí percebi porque é que aqui a taxa de divórcios é tão pequena, pois ninguém quer passar por esta azáfama toda duas vezes...).
Regressámos depois a Bombaím no dia seguinte para apanhar o voo de volta a terras lusas. Mais uma odisseia de largas horas de avião, para junto dos nossos bifes e batatas fritas... que saudades!
Esta foi sem dúvida a viagem mais exótica que efectuei. A integração nos costumes e tradições deste povo permitiu-nos conhecer o modo de vida dos indianos. Ao Shubhes e à Rheema as minhas maiores felicitações e o meu sincero obrigado.
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