terça-feira, 30 de março de 2010

2008 - Açores





Partida: xx.Novembro.2008
Chegada: xx.Novembro.2008
Percurso Ida: Lx - São Miguel
Percurso Regresso: São Miguel - Lx
2:30 horas de voo

Os Açores, oficialmente designados por Região Autónoma dos Açores, são um arquipelago transcontinental e um terrítorio autónomo da Républica Portuguesa, situado no Atlântico nordeste e composto por 9 ilhas. Descobrir os Açores, é descobrir a própria natureza, na sua forma original e única. É olhar para a paisagem exuberante, onde predominam os tons de verde, a esbaterem-se no azul celeste do mar. É também descobrir a tradicional hospitalidade açoreana, as suas populares manifestações religiosas e artísticas, o sabor especial da sua cozinha, entre outros prazeres que só os Açores oferecem.

O propósito desta viagem deveu-se a trabalho... viagem à conta da PT! Uma intervenção no Data Center de Ponta Delgada, ilha de São Miguel. Trabalho à parte, tive ainda bastante tempo para conhecer a ilha, de qualquer maneira aqui fica a foto da empresa como prova que efectivamente lá meti os pés...

Assim sendo visitei a cidade de Ponta Delgada sempre a pé e acompanhado pela fresca brisa açoreana, munido de máquina fotográfica no bolso. Cidade plana, rectangular, com um comprimento de cerca de três quilóme­tros e que se desenvolve paralelamente à linda baía natural sobre a qual se debruça, adaptando-se às irregularidades e acidentes de costa.

Esta é uma cidade com um grande ênfase Religiosa, plena de monumentos, de entre os quais se destacam a Igreja Matriz de São Sebastião, construída entre 1531 e 1547, no local onde existia uma pequena ermida dedicada a São Sebastião. É uma igreja de estilo gótico com traços exteriores do estilo manuelino. Posteriormente, no séc. XVIII, operam-se fortes modificações na fachada, de acordo com o estilo da época, o Barroco. Excelentemente conservada este é um local que merece uma visita.

Outro dos monumentos religiosos de interesse é o Santuário da Esperança, intimamente ligado ao culto do Senhor Santo Cristo dos Milagres, imagem atribuída à oferta do Papa Paulo III às freiras que foram a Roma solicitar a bula de instituição do Convento de Vale de Cabaços, o Convento e a capela anexa remontam ao séc. XVI. Os azulejos do coro baixo, da autoria de Diogo Bernardes, são de incalculável valor e remontam ao séc. XVIII. Durante as festas em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres são colocadas no frontispício do convento milhares de lâmpadas que o iluminam.

A Igreja de São José, antiga Igreja de Nossa Senhora da Conceição, pertence ao convento dos Franciscanos. O primitivo templo remontava ao séc. XVI, mas o actual começou a construir-se em 1709. Trata-se de um amplo edifício de fachada sóbria mas majestosa, com pórtico e galilé. O interior é de três naves, cobertas por abóbadas pintadas. As talhas de todos os altares são de grande valor. As paredes da capela-mor estão revestidas de azulejos azuis e brancos do séc. XVIII. Imagens dos sécs. XVII e XVIII, algumas denunciando influência hispano-mexicana.

A Igreja de São Pedro cuja construção remonta aos séculos XVII e XVIII tem uma fachada interessante e adro com panorama sobre o porto. O interior tem uma só nave com tectos pintados. Altar-mor em talha dourada. Imagens e relicários dos sécs. XVI, XVII e XVIII. Quadro “Pentecostes”, da autoria do pintor Pedro Alexandrino de Carvalho.

Bem no centro temos um monumento incontornável, são as Portas da Cidade, com uma curiosa construção do séc. XVIII, são o verdadeiro "ex-líbris" da cidade. Sob o seu arco central passaram os reis D. Pedro IV e D. Carlos, bem como outros visitantes ilustres. Este é dos locais mais visitados da cidade.

Ainda no centro, mesmo ao lado da praça Vasco da Gama, temos os Paços do Concelho, exemplo interessante do barroco dos séculos XVII e XVIII. Torre sineira, datada de 1724, com sino do século XVI, oferecido pelo rei D. João III.O edifício desenvolve-se em três pisos, com rés-do-chão, primeiro e segundo andar, onde existe um salão nobre com acesso por escadaria central. É sede da Câmara Municipal de Ponta Delgada.

Esta cidade está ainda ligada a espaços verdes dado o clima húmido durante todo o ano. Está repleta de belos parques e jardins para que os seus habitantes disfrutem de belas caminhadas e de espaços de lazer. Um destes é o Jardim António Borges, repleto de uma vegetação lúxuriante, devidamente limpo e arranjado.

Outro deste jardins com bastante interesse é o Jardim José do Canto, o jardim botãnico criado por diversas famílias Açoreanas. Ao longo de mais de um século foi visitado por incontáveis viajantes, entre os quais se assinalam figuras célebres como o Rei D. Carlos, Franklin Roosevelt, Jorge Amado e, claro está, agora eu. As árvores plantadas no jardim, trazidas dos quatro cantos do mundo, dada a riqueza do solo e do clima desenvolveram-se quase todas, e muitas por forma espectacular, chamando a atenção pelo gigantesco porte, beleza de copa, robustez de troncos ou ainda pela singularidade das raízes, na parte visível.

Estes são os principais pontos de interesse na cidade. Uma cidade limpa e arejada, repleta de pessoas acolhedoras. Merece um passeio desde a Praça Vasco da Gama até à marina.


Uma vez visitada a cidade, e dentro do tempo que tinha disponível parti na descoberta da ilha de São Miguel. Parti então em direcção à emblemática Lagoa das Setes Cidades. No extremo ocidental da ilha de S. Miguel, o esmeraldo anil duma lagoa lembra lendas inúmeras de Sete Bispos e Sete Cidades consumidas pelo fogo de Sete Vulcões. Subi a colina até atingir a Vista do Rei, onde se desfruta uma extraordinária panorâmica sobre a Lagoa das Sete Cidades. Esta é uma das verdadeiras maravilhas destas ilhas plantadas em pleno oceano Atlântico. A beleza destas duas lagoas, separadas por uma pequena ponte, é verdadeiramente exuberante. As diferentes tonalidades (azul e verde) da mesma lagoa impressiona quem a observa. Desci depois para a pequena povoação das Sete Cidades, parando no Miradouro do Cerrado das Freiras.

Parti em seguida em direcção à pacata vila de Relva, pelos vales repletos das conhecidas vaquinhas que pacientemente pastam a tenra relva açoreana, passando primeiro pela Lagoa de Santiago. É uma lagoa de origem vulcânica, relativa ao maciço das Sete Cidades. Situa-se na Serra Devessa, 334 metros acima do nível do mar, com 700 metros de comprimento e cerca de 30 de profundidade. Esta é uma lagoa que vale a pena ver pela tonalidade do verde que a caracteriza.

Este foi o meu percurso nos 3 dias que estive nos Açores. Fiquei deveras impressionado com a beleza da única ilha que vi, pois nunca imaginei que no meu próprio país existisse uma beleza natural tão grande. Esta beleza só pode ser comparada com os melhores sítios para turismo natural em todo o mundo, e não exagero. É um sítio que recomendo para todas as pessoas e para todas as idades, desde a tenra idade para longas caminhadas ao ar livre, passando para a meia idade descomprimir do stress da capital no sossego e beleza açoreana, até à idade mais avançada para poder usufruír dos passeios, ar e natureza da ilha. É claramente um local a não perder.


2008 - Maldivas





Partida: 15.Setembro.2008
Chegada: 22.Setembro.2008
Percurso Ida: Lx - Londres - Doha - Malé - Lhaviyani Atoll
Percurso Regresso: Lhaviyani Atoll - Malé - Doha - Madrid - Lx
17 horas de voo

As Maldivas não são mais do que um aglomerado de cerca de 1.120 ilhas agrupadas em 26 atolls naturais, cuja capital é Malé com cerca de 300.000 habitantes. A temperatura média deste país é de 30º e a humidade ronda os 80%. Vive essencialmente do turismo, área que tem muito para oferecer pelas sua ilhas paradisíacas, recifes naturais, vida marítima diversa, desportos aquáticos e lazer. Este foi o destino escolhido para descomprimir do stress dos preparativos do casamento, gozando assim de uma insequecível lua-de-mel.

Optamos pelo hotel Kuredu Island Resort localizado no Lhaviyani Atoll, uma área famosa pelos seus recifes e abundante vida marinha. Um paraíso com mais de 3 km de praias de areia branca e lagoas de água marinha. Situado sobre os recifes do norte do Atol Lhaviyani, 80 km a norte de Hulhule (o aeroporto internacional) e a 40 minutos de hidroavião do Malé.

Reservámos a romântica Koama Jacuzzi Beach Villa com cama de docel e vista para o oceano Índico, dotada de um espaço amplo repleto de todas as mordomias de um hotel de luxo e de uma zona de lazer privada. Dispunha ainda de um jardim privado com zona de spa, jacuzzi e duche, tudo em madeira.

A praia de areia branca e repleta de vegetação com as diferentes tonalidades de um belo azul característico do oceando Índico embelezaram o resto do quarto.


No que diz respeito ao hotel este preencheu as nossa (altas) expectativas. Dispunha de vários restaurantes com bastante requinte, mesmo em cima do oceano azul transparente, proporcionando-nos óptimos pequenos almoços, repletos de sumos de fruta e das mais variadas guloseimas matinais que serviam de reforço extra para dias inteiros passados dentro de água...

Composto por diversas zonas de lazer, excelentes para disfrutar da paisagem onde passámos horas intermináveis no relax de uma temperatura amena quase tropical. A companhia dos peixes de recife sempre presente faziam as horas passar ao bom sabor deste paraíso.

Os almoços protegidos do calor abrasador do meio-dia paredes meias com o oceano Índico e os jantares românticos iluminados pela meia-luz de um candeeiro de petróleo artesanal e tendo como tecto as estrelas que brilhavam no céu limpido de nuvens. Tudo isto em mesas 2 a 2...

Para satisfação da Patrícia, o hotel proporcionava ainda um requintado recinto de SPA, típico da Ásia, onde os tratamentos de pele, massagens e os banhos aromáticos impostos pelas mãos treinadas de Tailandesas e Indianas faziam maravilhas!

Para além do golf, dos passeios de 1h circundando toda a ilha, do Ioga entre outros, a maioria dos dias, como não poderia deixar de ser foi passada dentro de água. Uma água tépida como não há em mais lado nenhum!

A companhia dos peixes sempre presente faziam as horas passar a um ritmo soalheiro, na busca constante de novos 'amiguinhos' do mundo aquático. Peixes de todas as cores, tamanhos e feitios aproximavam-se até tocar ao de leve nas pernas.

Uma experiência à qual dediquei horas a fio, até se notar a marca dos óculos de mergulho bem vincada na cara. A calma do interior do mar e a surpresa dos encontros inesperados foram o meu tratamento anti-stress durante estes dias.

Quando o mar já fartava, como se isso fosse possível, a piscina era a segunda opção. Banhos de sol coravam o corpo nos finais de tarde e os sumos do bar ali ao lado gelavam até a mente. Horas e horas passadas com a cabeça ao nível dos pés, apoiados em espreguiçadeiras bem almofadadas ou em pufs gigantes para deleite do casal. A sombra natural das palmeiras ocupavam o lugar dos normais guarda-sóis da praia da Costa.

Como não podia deixar de ser, deixei o receio em terra e embarquei rumo aos tão falados recifes, para o famoso snorkling das Maldivas. Uma tarde que nunca esquecerei pois a vida marinha nestas bandas é verdadeiramente espectacular. Dos peixes de mil cores e mil e uma formas, às tartarugas, passando pelas algas que dançavam ao calmo sabor da maré, do tempo que mergulhei guardo recordações excelentes. Para mim, a par com a beleza natural das ilhas foi o que mais gostei aqui. Aconselhado apenas a pessoas com bastante destreza dentro de água, esta é uma experiência que todos aqueles que tiverem hipótese devem fazer. A calma dentro de água é algo inexplicavel e o encontro com alguns peixes de dentes afiados e barbatana dorsal inesquecível. Enfim, são os cagaços perfeitamente normais na vida de um Jack Custeau!!! Espírito aberto em busca de aventura são os ingredientes únicos para guardar na memória imagens que dificilmente se esquecerão, pois ao virar de cada rocha em cada recife a surpresa de um ser nunca antes visto ao vivo torna-se bem possível.

Estas foram algumas das pegadas deixadas pelo casal de pombinhos casadinhos de fresco por terras cobertas de água por todos os lados das Maldivas. Muito descanso, muita água, diversas massagens, refeições fartas, belas sonecas, desportos aquáticos q.b., algum ioga, pouco golf, caminhadas diárias ao pôr-do-sol e muita mas mesmo muita sorna preencheram as sete noites neste ainda paraíso terrestre.

As Maldivas são, segundo a minha opinião, um dos paraísos mais bonitos a que temos acesso e um dos locais ideais para uma viagem a dois. O belíssimo pôr-do-sol é a prova disso...

Aqui, até com uma máquina digital compacta é possível fazer postais...
photo by PMPeralta Canon Digital IXUS 65 Camera

2008 - Índia





Partida: xx.Março.2008
Chegada: 22.Março.2008
Percurso Ida: Lx - Paris - Bombaim
Percurso Regresso: Bombaim - Paris - Lx
9 horas de voo

Bombaim, ou Mumbai, é a capital do estado de Maharashtra e a maior cidade da Índia e do mundo, com uma população estimada em 14 milhões de habitantes. Encontra-se na ilha de Salsete, ao largo da costa ocidental do estado de Maharashtra sendo originalmente um arquipélago de sete ilhas, localizada na zona tropical em frente do Mar Arábico. A sua região metropolitana é a terceira maior do mundo, com uma população de cerca de 22 milhões de habitantes.

499 anos depois da chegada do primeiro Português, chegou finalmente a minha vez de pisar solo Indiano. O principal motivo desta visita foi o casamento do amigo Shubhes, um cidadão do mundo pois nasceu em Moçambique, foi criado em Portugal, tem família em Inglaterra e no Canadá e muitas mas mesmo muitas influências Hindus. Assim sendo, os amigos tugas Peralta, Patrícia, Elisabete e Hugo partiram para mais esta aventura. Deste tema falarei mais à frente, para já falemos da exótica Bombaím.

Esta mega cidade impressiona pela sua enorme variedade cultural, composta por cidadãos de todo o mundo desde os asiáticos aos europeus. É uma metrópole que nunca pára, dia e noite, sempre a fervilhar com os seus milhões de cidadãos e de carros que diáriamente inundam as avenidas da cidade. O trânsito aqui tem as suas próprias regras, fluindo com uma normalidade incompreensível e sem registo de grandes acidentes. Só vendo para se ter uma verdadeira noção.

Ao nível religioso impera o Hinduísmo, mas também aqui a variedade é muita, pois além dos templos Hindus podemos também apreciar templos Budistas, mesquitas Muçulmanas e até igrejas Católicas (muitas delas construídas por Portugueses).
O exemplo disso é o Templo de Jama Masjid, com início de construção em 1775 e conclusão 33 anos depois. É um templo em honra do Deus Hindu Mahalaxmi e composto por diversas estátuas de ouro. É ainda um local de peregrinação diária de milhares de crentes deixando oferendas de côcos, flores e doces ao seu Deus. A religião Hindo é composta por diversos Deuses com diferentes significados. Outro local de culto, para os crentes Muçulmanos, é a Mesquita De Aji Ali Shah Bukarhi, construída em 1431 e que deve o seu nome a este santo muçulmano. Encontra-se edificada 500 metros dentro de pleno mar Arábico onde se encontram os seus restos. Foi aqui construída, segundo as crenças muçulmanas, pois aquando da morte do santo numa peregrinação a Meca foi aqui que os seu restos mortais foram trazidos pelas marés. Composta por diferentes salas de oração (separadas por sexo) está apenas acessível durante as marés baixas.

A cidade de Bombaim, oferecida ao Rei Inglês Carlos II pelo seu casamento em 1662 com a Princesa Catarina de Bragança, é uma cidade arquitectónica onde impera o estilo colonial.
Uma das sua principias atracções são a Gateway of Índia situada no porto de Apolo Bunder que foi construída para comemorar a visita do Rei Jorge V em 1911. É uma mistura dos estilos Muçulmanos e Hindus. Esta passou a ser usada como a porta de entrada para ínumeras individualidades nas visitas à Índia. Outros dos locais emblemáticos da cidade é a Flora Fountain, construída em 1869 em honra de Sir Henry Bartle e Edward Frere, esta fonte é uma fusão entre água, arquitectura e escultura. Está situada no coração da cidade e é a junção de cinco avenidas(tipo Arco do Triunfo em Paris). A fonte tem a figura de Flora, a Deusa Romana das flores. Um local também a não perder é o museu Prince of Wales, contruído em 1904 com infulências Vitorianas e Góticas, está excelentemente preservado e rodeado de belos jardins. É composto por uma vasta colecção de artefactos antigos, peças de arte e esculturas datadas de 2.000 anos AC. Inconfundivelmente Indianos são os caminhos de ferro. Comboios e combois apinhados de pessoas dentro e fora das carruagens rasgam a cidade diáriamente. Assim sendo, a estação de comboios Victoria Terminus é o exemplo do fervilhar de gente que durante o dia 'assalta' a cidade de Bombaim. Tem uma construção Victoriana-Gótica revivalista, de autoria de um arquitecto britânico, começou a ser construída em 1878, passando 10 anos até ficar concluída. Mesmo sendo uma das maiores metrópoles do mundo, não foi descurada a questão dos espaços verdes, bastantes na cidade. Aqui os campos de cricket, principal desporto do país e influência dos Ingleses são bastantes e os praticantes mais que muitos, mesmo debaixo do tórrido sol do meio-dia. É ainda interessante visitar a Chuchgate, uma das estações de desembarque mais proeminente da cidade, usada por milhões de pessoas diáriamente. É aqui que também se encontra o departamento de turismo da cidade, situada numas das 5 ruas que terminam na Flora Fountain. Outro dos locais de passagem obrigatória, por estranho que pareça é o Hotel Taj Mahal Palace, um cinco estrelas de verdadeiro luxo construído em 1903 com influências Orientais e Mouras. Este hotel é visitado por Maharajas, Príncipes e Reis, Presidentes e pelas mais variadas estrelas, todos de carteira bem recheada, criando uma história única a si associada. É aqui que, para quem pode, se disfruta verdadeiramente desta cidade.

É impossível falar na Índia sem passar pelo tema da alimentação. A dieta alimentar é muito variada e composta por um leque de sabores deveras intensos e impressionantes. Tem como base a batata, o uratti (tipo de feijão), o arroz basmathi, a atta (farinha de trigo integral), lentilhas e chana (grão-de-bico), cozinhados em óleo vegetal ou de amendoím. As especíarias marcam presença em cada prato, carregando os alimentos de sabores nem sempre muito apetecíveis para os hábitos Europeus. A este nível travámos uma luta diária, em que o conteúdo de cada prato foi devidamente filtrado antes de ser ingerido! A variedade de frutas é também enorme e estão ao alcançe de qualquer um que queira embrarcar num desfile de sabores exóticos. As cores e os cheiros espreitam a cada esquina onde a fruta esteja à venda, absorvendo por vezes os nem sempre melhores cheiros da cidade...
A culinária indiana é caracterizada pelo seu uso sofisticado e sutil de muitas ervas e especiarias. Considerada por alguns como a culinária mais diversificada do mundo, cada ramo da cozinha indiana é caracterizada pelo uma ampla gama de pratos e técnicas culinárias. Embora uma significativa porção da comida indiana seja vegetariana, muito pratos indianos tradicionais incluem frango, peixe, bode, cordeiro e outras carnes. Bife não é comido pela maioria dos hindus.

Como se pode verificar, esta é uma cidade plena de vida, de contrastes entre riqueza e pobreza, de culturas, civilizações e religiões e onde o negócio impera a cada esquina sendo a palavra business o espelho do dia-a-dia sob a alçada a gasta rupia.

Depois de descrita a experiência em Bombaim partimos em direcção a Rajkot para mais umas 4 horinhas de um pequeno voo dada a imensidão da Índia. Rumamos então para a celebração do casamento do Shubhes e da Rheema.

Rajkot é a cidade capital do estado de Gujarati, situada nas margens do rio Aji e com cerca de 1,5 milhões de habitantes.


A Recepção no Aeroporto não podia ter sido mais acolhedora! Após a chegada, por volta das 06:00 da manhã, fomos presenteados com as boas vindas da família da noiva Rheema. Totalmente organizados, seguimos em vários Jeeps para o conforto de um excelente hotel, reservado na sua totalidade para albergar os convidados para os 4 dias da festa de casamento.
Depois de um pequeno-almoço reforçado, uma vez que voamos durante a noite (onde o exíguo espaço entre os bancos de avião me proporcionou aquele que me lembro de ter sido um dos mais bonitos nascer do sol), seguiu-se um final de manhã de descanso no fresco do quarto do hotel, combatendo assim o enorme calor que se fazia sentir na rua. Seguiu-se um almoço típico Indiano, num local préviamente reservado para o efeito. Mais uma vez... bulha com a comida!
Seguiu-se mais uma tarde de relax e descanso na piscina do hotel pois o calor era realmente insuportável. Pela noite jantamos numa espécie de 'feira de diversões', Chokidani, um local óptimo para se conhecer a cultura Hindu, com demonstrações de encantamento de cobras, fakirs, malabaristas, danças típicas e voltas de camelo entre outras.
No dia seguinte começaram as festividades própriamente ditas que compõem o casamento. Segundo a religião Hindu este tem a duração de 3 dias e é composto por diversas festas, cada uma com um propósito e tradição específico. Assim sendo descreverei cada uma delas em seguida. Primeiro teve lugar a Cerimónia do Noivado - Saghai, esta é uma cerimónia de troca de aneis e presentes entre os noivos e de doces entre a família, assumindo assim o compromisso do casamento. Esta cerimónia serve de preparação do casamento, fortalecendo laços entre as familias. A noiva recebe jóias e vestidos (saris) dados pela mãe do noivo, formando um total de onze conjuntos e onze peças. Dependendo da riqueza da família varia o número de ofertas e de conjuntos oferecidos. Um outra cerimónia que ocorreu nesta tarde foi a Mandap, um ritual com grande significado e que começa com a benção por parte dos membros mais velhos de ambas as famílias. É efectuada sob um alter apoiado em quatro pilares, com os noivos ao meio e os pais de cada lado, sendo ministrada por um padre. Os rituais conduzidos aqui são, entre outros o aat Phere, o Kanyadaan ou Maang baharai, cada um com um propósito diferente. Treminada esta cerimónia voltamos ao descanso do quarto para recuperar do calor da tarde. Pela noite seguiu-se a Mehndi Party, um dos costumes mais ancestrais da cultura Indiana que consiste na pintura das mãos, braços e pernas da noiva com uma tinta 'Mehandi' feita apartir da seiva das folhas de Henna, sendo este um dos seis adornos que a noiva deverá usar. Esta cerimónia é feita na véspera do casamento para a tinta secar convenientemente e estar com uma cor bonita no casamento propriamente dito. Reza a lenda que quanto mais escura ficar a pintura mais o noivo a amará. Segundo a tradição a noiva já não poderá saír de casa depois desta cerimónia até ao dia do casamento e só começará a trabalhar na nova casa do noivo quando esta tinta desaparecer. Normalmente esta cerimónia é organizada pela família da noiva e ocorre apenas no seio da sua família. Neste caso participamos todos, convidados do noivo e da noiva. A noite terminou a altas horas, depois de muitas danças e de muito convivio bem regados com as Kingfisher de litro que deslizavam pela garganta proporcionalmente ao calor que se fazia sentir. Dormi que nem anjinho para no dia seguinte acordar para a festa do Casamento, uma celebração dos noivos em conjunto com os Pais e o Sacerdote em altar desenhado para o efeito. Um costume tão diferente dos nossos, que chegamos à Igreja numa viatura clássica ou num veículo topo de gama, aqui na Índia o noivo, caso seja de familias mais abastadas chega de elefante. Isso mesmo, elefante! Esta chegada é acompanhada pela família que salta e dança ao som de músicas tradicionais. Uma vez terminada a cerimónia segue-se o Vidai, cerimónia que simboliza o adeus da noiva à sua família para passar a integrar a família do noivo, a sua nova família. Este é um momento com alguma tristeza pois o 'adeus' à familia tem aqui um factor muito simbólico. Agora sim, os pombinhos formam oficialmente um casal. Seguiu-se mais uma pausa para descanso pois o calor não perdoa. Esta cerimónia ficou concluída com a Reception, o copo d'água ocidental, composto por um jantar com todos os convidados presentes. Altura de convívio, discursos e de felicitações. Com isto concluíu-se a saga do casamento Indiano (só aí percebi porque é que aqui a taxa de divórcios é tão pequena, pois ninguém quer passar por esta azáfama toda duas vezes...).

Regressámos depois a Bombaím no dia seguinte para apanhar o voo de volta a terras lusas. Mais uma odisseia de largas horas de avião, para junto dos nossos bifes e batatas fritas... que saudades!
Esta foi sem dúvida a viagem mais exótica que efectuei. A integração nos costumes e tradições deste povo permitiu-nos conhecer o modo de vida dos indianos. Ao Shubhes e à Rheema as minhas maiores felicitações e o meu sincero obrigado.